sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Castrum Quiffiones


1) Introdução.
O Castro de Guifões, situado no Monte Castelo, é, pela quantidade e pela qualidade dos objectos encontrados, dos mais importantes, da região norte.



Os Castros aparecem no Neolítico Pleno, 5.000 a 2.000 anos antes de Cristo, juntamente com os Dolmens ou Antas. O Castro Quiffiones, provavelmente, teve o seu início por essa remota época.

Anta


Ruínas do Castrum Quiffiones.



2) A Localização.
A freguesia de Guifões pertence ao concelho de Matosinhos, distrito do Porto. Situa-se na margem do rio Leça. O rio é fronteira natural a norte e a oeste.



A sudoeste da freguesia num outeiro que desce até ao rio o Monte do Castelo encontra-se a estação arqueológica de Guifões, onde se situa o chamado Castro de Guifões.

3) Enquadramento Histórico.
A área de estudo é definida por duas faixas costeiras que drenam directamente para o oceano, evidencia o relevo pouco expressivo, bem como a forma aberta do vale. O clima da região é de verões e Invernos do tipo moderado. De paisagem atraente, o rio sempre foi descrito como bucólico e calmo.

A Península Hispânica, da qual faz parte o nosso país, foi em todos os tempos uma terra cobiçada, pelos povos estranhos, devido ás suas condições especiais de situação, riqueza mineira, fertilidade do solo e amenidade do clima.

O Castro Quiffiones, antes de conquistado pelos Romanos, era habitado pelos Callaecos Bracarii (um dos ramos dos Lusitanos) que viviam em autonomia política, formando uma Civitate. O castro propriamente dito era o Oppidum, isto é, a praça fortificada que servia de centro de governo, de defesa e de habitação em momentos de ataque de outros povos. Extra muralhas e á volta do Oppidum, a Civitate distribuíam ao longo das vias de comunicação e centralizava-se, em grande parte, a nascente das muralhas onde é hoje a aldeia de Guifões. A antiguidade deste castro é muito difícil de determinar, mas, tomando em consideração a competentíssima opinião do grande arqueólogo Leite de Vasconcelos de que todos os castros eram originariamente Pré-Célticos, não devemos errar muito em situá-lo também nessa remota época.

Os Oppidum mais próximos do de Quiffiones, eram Portus-Calle, hoje cidade do Porto, Castrum Alvarelius, na Serra de Santa Eufêmea, e Castelli Madie, em Águas Santas.De privilegiada situação geográfica, talvez única a seguir a Portus-Calle, com praça forte rodeada de fundos vales circundantes e ladeiras íngremes, Leixoens, na foz do rio Leça, e daí, por este rio, até à raiz do Castrum, junto à ponte de Quiffiones, dada a suavíssima corrente do Leça e sua fácil navegabilidade nesse tempo.

4) Engenharia e Arquitectura.
As muralhas que cercavam todo o vasto planalto eram, em grande parte, naturais, formadas pelos rochedos escarpados e ladeiras íngremes e dispostas perfeitamente à volta do monte, mais ou menos a meio das duas encostas; as artificiais eram em talude e fortes muros de duas paredes sobrepostas, o que servia, ao mesmo tempo, de defesa e contraforte de sustentação das terras do planalto. A entrada para a praça fortificada era pelo lado nascente, na via que comunicava com a (aldeia de Guifões). Todas as outras vias de comunicação das habitações das encostas do monte convergiam na dita porta de entrada.

Um Oppidum designava também Municipia, Coloniae, Praefecturae e, como já foi dito, era defendido, quer pela posição, quer por obras de arte, como fossos, muros, baluartes, etc.

Dos poucos vestígios que ainda restam das habitações dos antigos povos que viveram no Castrum Quiffiones (Monte Castelo) durante as duas civilizações de que sofreu influência, a pré-romana e a Romana, ainda se podem reconhecer alguns elementos.

1º - As de tipo circular, com o diâmetro aproximado de quatro metros, características da idade do ferro no Noroeste da Península, isto é, 650 a 500 anos antes de Cristo, talvez do mesmo tipo das da Citânia de Briteiros que, na opinião dos grandes arqueólogos, eram cobertas com colmo ou madeira com argila, em forma de cone, levando ao centro e no interior de casa um pegão com uma coluna de pedra ou de madeira para apoio do vértice do cone do telhado.






5) Achados Arqueológicos.
Na zona encontra-se monumentos megalíticos, encontrou-se não só restos de cozinha como machados de pedra, barcos de madeira cobertos de pele e a abundância de cerâmica de pasta clara o que reforça a ideia da ocupação destes locais por populações desde o paleolítico.



É muito variada a cerâmica do Castrum Quiffiones, quer na forma, quer na qualidade da pasta empregada.



A cerâmica primitiva, feita de pastas grosseiras, de tom cinzento escuro, sendo uma bem e outra mal cozida, o que demonstra ter existido no Castrum uma indústria cerâmica.Aparece também enorme quantidade da olaria Calaico-Romana, ânforas e vasilhas de grandes dimensões, louça de cozinha, etc. Essa grande quantidade de provas que chegou até aos nossos dias prova que o comércio de vinhos e azeites já existia e cujo fim principal era a exportação.



A cerâmica de pastas finas e de trabalho delicado está também muito bem representada aqui no Castrum Quiffiones, pela louça Arretina ou terra sigillata que mais tarde foi imitada no sul de França e Alemanha. Esta cerâmica é caracterizada pelo seu perfeito acabamento e pelo revestimento de verniz e dum vermelho coralino, que a reveste, como se pode ver na página seguinte.

6) Aparecimento, Evolução e Desaparecimento do povoado.
O estudo do castro de Guifões prova e segundo a opinião dos Mestres de Arqueologia, esta nossa região, há cerca de 30.000 anos, já era povoada por homens primitivos que viviam nas cavidades das rochas, Período Paleolítico.

Muitas centenas de anos antes da era cristã, aqui entraram os Fenícios, os Etruscos, os Lígures, os Gregos, os Celtas e os Africanos de Cartago ou Cartagineses. Depois vieram os Romanos, povo muito adiantado, que iniciaram a conquista da Península, mais de dois séculos antes de Cristo.Foi profunda a influência romana sobre o viver das populações, estas aproveitando os conhecimentos dos seus dominadores, acabaram por se adaptarem à sua civilização e romanizaram-se.

O domínio dos romanos durou até ao ano de 409, sendo nessa altura substituído pelo dos Suevos, povo de origem germânica. Mais tarde, em 585 da era de Cristo, um outro povo, também de origem germânica, os Visigodos, destruíram o reino dos Suevos e ficaram senhores de quase toda a Península até ao ano de 711 em que os árabes ou mouros, vindo do Norte de África, os atacaram e venceram, ficou assim sob o domínio dos mouros quase toda a Península.

O Castrum Quiffiones foi testemunha de toda esta sucessão de dominadores. Somente a partir do século XI se inicia para nós uma época nova, a que verdadeiramente poderemos chamar portuguesa.Portugal nasce como nação autónoma, embora não tivesse ainda a sua independência, conseguida depois por D. Afonso Henriques.

7) Conclusão.
A pacificação da Hispânia levou aos Romanos dois séculos, 218 antes de Cristo até 19 da Era Cristã. Só na luta com os Lusitanos gastaram século e meio, de 193 antes de Cristo até 25 depois de Cristo. Para conquistarem a Gália perderam apenas 7 anos.

Por conseguinte, a Municipia desta região teve início, como se depreende, aqui em Guifões, donde mais tarde passaria a Bouças, encontrando-se actualmente na orgulhosa e moderna urbe de Matosinhos, filha por excelência dos velhos e fortes Lusitanos do Castrum Quiffiones.

A cividade do Castrum Quiffiones foi testemunhada por toda a sucessão de povos dominadores. Alguns documentos anteriores à formação de Portugal em que o Castrum Quiffiones era memoriado como ponto de referência.

8) Bibliografia. Matosinhos Arqueologia “autor desconhecido”. Arquivos Históricos – Culturais de Matosinhos (ano II – nº2 – Dezembro 1996). Matosinhos Monografia do Concelho.

INDICE

1) Introdução.
2) Localização.
3) Enquadramento Histórico.
4) Engenharia e Arquitectura.
5) Achados Arqueológicos.
6) Evolução e Desaparecimento do Povoado.
7) Conclusão do Trabalho.
8) Bibliografia.