segunda-feira, dezembro 17, 2012

Caruso - Luciano Pavarotti


Caruso


Aqui onde o mar brilha,
Ele sopra forte o vento
Sobre um terraço antigo
Em frente ao Golfo de Sorrento
Um homem abraça uma menina
Depois de haver chorado
Então, ele limpa a voz
E recomeça o canto

Eu te quero bem, sabe?
Mas tanto, tanto bem, sabe?
É uma corrente agora
Que faz o sangue queimar nas veias , sabe?

Viu luzes em alto-mar,
Lembrou de noites lá na América
Mas eram só lanternas a brilhar,
No rastro branco de uma hélice
Sentiu doer a música,
Se levantou do piano
Mas quando viu a lua
Surgir de uma nuvem,
Até a morte lhe pareceu mais doce
Olhou fundo nos olhos da menina,
Aqueles olhos verdes como o mar
De repente viu escapar um lágrima
E pensou estar à se afogar

Eu te quero bem, sabe?
Mas tanto, tanto bem, sabe?
É uma corrente agora
Que faz o sangue queimar nas veias , sabe?

Que poder é esse da ópera,
Onde todo drama é falso
Com um pouco de maquiagem e representação
Podemos nos transformar em outro
Mas quando dois olhos te olham
Assim tão perto e verdadeiros
Te fazem esquecer as palavras,
Confundem teus pensamentos
Assim, tudo se torna pequeno
Também as noites lá na América
Você vira e vê a sua vida
Como o rastro de uma hélice
Mas, sim, essa vida que se acaba
E ele nem pensou sobre isso
Ou, ao contrário, ele já se sentia feliz
E recomeçou seu canto

Eu te quero bem, sabe?
Mas tanto, tanto bem, sabe?
É uma corrente agora
Que faz o sangue queimar nas veias , sabe?

Caruso


Qui dove il mare luccica,
E tira forte il vento
Sulla vecchia terrazza
Davanti al golfo di surriento
Uno uomo abbracia una ragazza
Dopo che aveva pianto
Poi si schiarisce la voce,
E ricomincia il canto
Te voglio bene assai
Ma tanto tanto bene sai
É una catena ormai
Che scioglie il sangue tinto vene sai...
Vide le luci in mezzo al mare,
Penso alle notti là in america
Ma erano solo le lampare
E la bianca scia di un'elica
Senti il dolore nella musica,
E si alzo dal pianoforte
Ma quando vide la luna
Uscire da una nuvola,
Gli sembro piu dolce anche la morte
Guardò negli occhi la ragazza,
Quegli occhi verdi come il mare
Poi all'improvviso usci una lacrima
E lui credette di affogare
Te voglio bene assai
Ma tanto tanto bene sai
É una catena ormai
Che scioglie il sangue tinto vene sai
Potenza della lirica,
Dove ogni dramma è un falso
Che con un po' di trucco e con la mimica
Puoi diventare un altro
Ma due occhi che ti guardano,
Cosi vicine e veri
Ti fan scordare le parole,...
Confondono i pensieri
Cosi diventa tutto piccolo,
Anche le notti là in america
Ti volti e vedi la tua vita,
Come la scia di un'elica
Ma si, è la vita che finisce,
E non ci penso poi tanto
Anzi, si sentiva gia felice,
E ricomincio il suo canto
Te voglio bene assai
Ma tanto tanto bene sai
É una catena ormai
Che scioglie il sangue tinto vene sai

sexta-feira, dezembro 07, 2012

Morreu Oscar Niemeyer

Não terão sido muitos os arquitectos que em pleno século XX poderão ter desenhado uma cidade - mais que uma cidade - uma capital. E uma capital que não deixará de impressionar todos os que a espreitem, de qualquer ângulo que seja. Oscar Niemeyer - o criador de Brasilia - morreu aos 104, e deixa para a posteridade centenas de trabalhos que continuarão a servir de inspiração para todos os aspirantes a arquitectos... e todas as pessoas que simplesmente gostem de apreciar os traços das suas criações.
Poderemos até interrogar-nos se Oscar Niemeyer não seria uma extra-terrestre exilado no nosso planeta, cujo único objectivo seria um dia regressar ao seu planeta original... e bastaria olhar para o Museu de Niterói:
Um autêntico "ovni" pronto a levantar vôo sobre as águas... "A vida é um sopro" disse numa entrevista, e há que a aproveitar da melhor forma, rindo, chorando. Penso que depois de 104 anos, poderemos considerar que ele a aproveitou ao máximo, fazendo aquilo que desde criança gostava de fazer: desenhando.

terça-feira, julho 24, 2012

Cântico negro

de José Régio



"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901. Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre. Foi um dos fundadores da revista "Presença", e o seu principal animador. Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, foi, no entanto, como poeta que primeiramente se impôs e a mais larga audiência depois atingiu. Com o livro de estréia — "Poemas de Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.

in "http://www.releituras.com/jregio_cantico.asp"

quarta-feira, abril 11, 2012

Cavalo À Solta

segunda-feira, março 19, 2012

Dave Brubeck


Dave Brubeck - piano ,Paul Desmond - alto saxophone 
Eugene Wright - bass ,Joe Morello - drums